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rua vazia é convite para desastre

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rua vazia é convite para desastre

em que falo sobre bocas e lobos

eduardo furbino
Jan 29
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rua vazia é convite para desastre

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esta sétima edição da newsletter é breve, porque essa semana me faltou tempo para digitar os rabiscos nos meus cadernos. então, recorri a poemas que tinha escrito diretamente no celular.

o primeiro e o terceiro compartilham a imagem do lobo, da boca e dos dentes. foram escritos com um bom tempo de diferença e não faço ideia de por que se assemelham. o poeminha que os conecta se relaciona ao tema prevalente nesses meus últimos dias: a espera.

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espero que goste. ótimo domingo pra você!


i.

rua vazia é convite para desastre
eu cuspia teu nome na calçada
a boca de lobo sorrindo pra mim
foi onde nos encontramos pela primeira vez
seus dentes muito brancos sempre muito brancos
eu tinha dentro de mim destinos vermelhos
e sua blusa cetim algodão pano velho
da cor de todos eles o mau agouro brotando
meu peito errando passadas coração na boca
rua vazia eu encho de pormenores metros faixas
carros rápidos velozes intrépidos e belos
aço pintado varando a noite com luz
e velocidade uma pressa um moto contínuo
e eu cuspindo seu nome na calçada
assim relapso sozinho vazio cinza sutil
sutilmente preso ao seu desejo de nada

ii.

esperava ter tempo
esquecendo que o tempo da espera
também é tempo de ação

iii.

um lobo fantasma num corredor bem real
minha roupa tem signos de terra estampados
feito etiquetas que demarcam a boa educação
entre as mil portas fechadas uma aberta
o lobo corre mais devagar do que respira
o ar não conhece hora para chegar
tudo é um vácuo luminoso antes de seu tempo
os dentes muito brancos da boca escancarada
o som do sino que bate ao longe
lançando sobre mim a sombra da espera


uma música

tenho ouvido bastante tempestade, do jonathan silva. é uma música-oração curta que se conecta com a época que vivi em minas. gosto particularmente deste trecho:

minha santa bárbara, acalmai
essa tempestade
minha santa bárbara, levai
a dor da saudade

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